Resenha: Summer Breeze Brasil 2024
Postado em 26/04/2024


Artista: Vários
Evento: Summer Breeze Brasil
Cidade/Estado/País: São Paulo – Brasil
Local: Memorial da América Latina
Data: 26 de Abril
Ano: 2024
Produtora: Consulado do Rock & Parceiros

É com muito orgulho e satisfação que iniciaremos, a partir de agora, a maior cobertura do portal da MS METAL AGENCY BRASIL até então. Estou me referindo ao que, provavelmente, é o maior e melhor festival dedicado ao Heavy Metal e Hard Rock que o país já teve, o Summer Breeze Brasil. Partindo deste ponto, preparamos um material que condiz com a importância e o tamanho do referido acontecimento, com textos que englobarão, além dos shows, obviamente, extras que terão como enfoque a sua estrutura, logística e demais temas pertinentes.

Toda a nossa equipe chegou no dia 24 de abril em São Paulo, para montar uma base no tradicional bairro Vergueiro. Chegar dois dias antes do festival foi de suma importância para alinharmos diversas estratégias para a sua cobertura, tendo em vista que, só no primeiro compromisso estaríamos diante de vinte bandas, de várias partes do mundo.

A responsabilidade era enorme, mas acredito que todos os envolvidos deram conta do recado muito bem, além de serem presenteados com um belo show do mestre Jeff Scott Soto (Solo, Sons of Apollo, Talisman, ex-Yingwie Malmsteen e muitos outros), em tributo ao Queen. O evento aconteceu na noite de 24 de abril, no Manifesto Bar, contando ainda com as participações dos músicos da Spektra, além dos vocalistas Nando Fernandes (Sinistra, ex-Hangar), Elvis Balboa (Queen Tribute) e do croata Dino Jelusick (Solo, Whom Gods Destroy). Experiência mágica e que também rendeu uma bela cobertura neste mesmo portal.

Voltando ao Summer Breeze, chegamos ao Espaço das Américas duas horas antes da abertura oficial dos portões, para o credenciamento. O processo se deu de maneira muito rápida, prática e extremamente eficiente. Não nego que essa era uma das minhas preocupações, pois qualquer burocracia a mais, que nos levasse a gastar mais tempo que o tolerável, perderíamos o show dos suecos do Nestor. Felizmente, isso não aconteceu, e meia hora antes das onze da manhã, já estávamos todos transitando pela área comum do festival.

Para a logística dos shows funcionar, se fazia necessária uma pontualidade quase que britânica, com relação ao início e término dos shows, nos quatro palcos distribuídos de maneira que as atividades de cada um deles, não comprometessem ou interferissem nos demais. Desta forma, tínhamos os palcos principais, batizados de Hot Stage e Ice Stage, com apresentações intercaladas, além do secundário Sun Stage e do menorzinho Waves Stage, que foi predominantemente tomado por artistas nacionais.

Tínhamos apenas cerca de trinta minutos para dar uma volta rápida por todo o local, antes do show do Nestor, e assim o fizemos. Fomos primeiramente no Lounge, espaço destinado para os fãs com ingressos premium. Se você tiver dinheiro, afirmo que é um investimento que vale muito a pena. O local privativo conta com um salão climatizado enorme, além de uma área externa arborizada muito agradável, que meio que passa a sensação de estarmos em uma espécie de camping. Acrescente aí também alimentação à vontade, incluindo café da manhã, vários tipos de bebidas, área exclusiva próxima dos palcos principais e toda comodidade que nos é de direito. Reitero, se tiver como investir neste pacote nas próximas edições, faça sem medo de ser feliz.

Após a breve tour no Lounge, fomos ver as estruturas dos palcos e demos uma olhada na área de alimentação e os stands de merchandising. Tudo muito bem organizado, distribuído, para atender aos fãs da melhor maneira possível, com certa distância dos palcos, onde certamente teria mais aglomerações. A “praça” de alimentação contava com os mais diversos tipos de fast foods, com os preços salgados bastante comuns em empreitadas do gênero. A mesma coisa pode-se dizer dos produtos oficiais das bandas, comercializados em um stand enorme e que me fez gastar muito do meu suado dinheiro. Camisetas exclusivas lindas, com estampas de encher os olhos e de levar o fã mais emocionado às lágrimas. Foi dentro deste contexto que comprei várias delas, sendo as que me veem à mente agora: Nestor, Mercyful Fate e Dark Tranquillity, além do álbum “Bloodlines” do Tygers of Pan Tang, autografado pela banda. Se você não tem grana sobrando e não quer passar raiva, nem queira visitar este recinto.

Antes de rumarmos para o Ice Stage, local onde o Nestor já iria dar o pontapé inicial na maratona musical às 11 da matina, ainda deu tempo de visitarmos a área onde aconteceu as sessões de autógrafos, com confirmações de peso para este primeiro dia, como Edu Falaschi, Tygers of Pan Tang, Nestor, Flotsam & Jetsam, Gene Simmons, Sebastian Bach e fechando com a ótima Black Stone Cherry. Infelizmente não usufruímos deste benefício, porque perder tempo nas filas significava perder shows, e este tipo de abdicação se fez necessária para a priorização das apresentações, como já mencionado, distribuídas nos quatro palcos.

Com um sol devastador já castigando bastante, rumamos para o Ice Stage e conseguimos nos posicionar bem na frente do palco, para acompanhar o Hard Rock AOR do Nestor. Com um álbum muito bem sucedido, “Kids in a Ghost Town” (2021) conquistou diversos mercados e, pela repercussão que eu vi em uma sexta-feira, com diversos fãs cantando todas as músicas do seu set, a banda já pode incluir o Brasil como passagem obrigatória em futuras turnês. Foi lindo ver o vocalista Tobias Gustavsson impressionado com a participação do público brasileiro, e se mostrou muito surpreso por muitos saberem todas as letras de músicas como “On the Run”, “Kids in a Ghost Town”, “These Days” e até mesmo do novo Single “Victorious”, que fará parte do seu segundo álbum “Teenage Rebel” (2024).

Ao anunciar “Perfect 10 (Eyes Like Demi Moore)”, Gustavsson provocou o público perguntando-o se tinha alguém apaixonado na plateia, arrancando risos de muitos ali presentes. Certamente este foi um dos momentos mais divertidos até então, além da execução da clássica “1989” e do maravilhoso cover de “I Wanna Dance With Somebody”, da saudosa Whitney Houston e que ficou excelente ao vivo, fechando assim a primeira passagem do Nestor por terras brasileiras!

No Sun Stage, simultaneamente ao Nestor, estava se apresentando o Cultura Três, que é o novo projeto do baixista do Sepultura Paulo Xisto. Infelizmente, para podermos acompanhar os suecos, que eram uma das nossas maiores prioridades, tivemos que abrir mão de assistir os caras. Soubemos que arrastaram um bom público, e os comentários foram pra lá de positivos, mas ficaremos devendo dar as nossas impressões aqui.

Enquanto os brasileiros do Clash Bulldog’s estreavam os trabalhos no Waves Stage, partimos para o Hot Stage para prestigiar a Flotsam & Jetsam, que é mundialmente conhecida por ter sido a banda que revelou o ex-baixista do Metallica Jason Newsted. Confesso que nunca dei muita bola para esses músicos, mas eu estava muito curioso para saber se depois de tantos anos ativo, o grupo ainda conseguiria empolgar.

Em pleno processo de promoção de “Blood in the Water” (2021), seu último álbum, os norte-americanos ignoraram o calor intenso e despejaram nos fãs, vários clássicos da sua longeva carreira, privilegiando os seus três primeiros discos – “Doomsday for the Deceiver” (1986), “No Place for Disgrace” (1988) e “When the Storm Comes Down” (1990). Foi a partir daí que o Thrash Metal, com pitadas de Power Metal, serviu de combustível para que o calor intenso fosse superado por todos que ali estavam.

“Hammerhead”, “Desecrator” e “Dreams of Death” abriram o set fazendo o deleite dos mais saudosos, e que acompanham a trajetória da banda desde os primórdios dos anos 80. O vocalista Eric A.K., no alto dos seus 59 anos, conduziu muito bem os seus companheiros on stage, garantindo que a audiência permanecesse sempre conectada ao que era apresentado. E foi dentro deste panorama que fomos introduzidos à nova “Iron Maiden”, que nada mais é do que uma sincera homenagem aos ingleses da Donzela de Ferro. Certamente essa não faltará em mais nenhuma aparição destes senhores pelo mundo a fora.

O sol intenso continuava a nos dilacerar, quando nos aproximamos do final do show com “Suffer the Masses”, que teve muita interação dos presentes, incluindo este que vos escreve. “I Live You Die” e “No Place for Disgrace” serviram como o encerramento mais providencial possível. A Flotsam & Jetsam pode se orgulhar, porque a sua primeira passagem pelo Brasil, após mais de quarenta anos, causou uma impressão extremamente positiva.

Enquanto Edu Falaschi e o seu Power Metal Melódico, baseado na sua passagem pelo Angra, davam os seus primeiros sinais de vida no Ice Stage, preferimos rumar para o Sun Stage para acompanharmos a nova formação do Dr. Sin. Apesar do grande público que estava optando pela banda solo de Falaschi, fizemos esta escolha diferente da óbvia, por já termos comparecido a varias datas da “Vera Cruz Tour” em 2023. Preferimos buscar a imprevisibilidade, e não nos decepcionamos.

Agora contando com o guitarrista Thiago Melo em suas fileiras, os irmãos Busic trouxeram seu competente Hard Rock para o Summer Brezze Brasil às 13h. Preciso novamente lembrar que o sol estava agindo contra nós?! Não, né?! E foi neste clima de desidratação constante que pudemos conferir o principal nome brasileiro, quando o assunto é Hard Rock. Nas primeiras canções, a equalização não ajudou, com o bumbo da bateria alto demais, comprometendo as ótimas “Lady Lust” e “Down in the Trenches”.

Na inédita “Only the Strong Survive” o som já estava melhor e, vale lembrar que o videoclipe desta estava sendo filmado no evento, para seu posterior lançamento. Histórico! O trio seguiu revisitando a sua discografia, com algumas unanimidades entre os seus fãs, “Time After Time”, “Sometimes”, “Fly Away” e a imprescindível “Fire” que representou a nossa realidade escaldante naquele momento. Finalizaram com “Emotional Catastrophe” e aqui vale mencionar que senti apenas falta de “Futebol, Mulher e Rock N’ Roll”, mas nada que depreciasse o clima festivo ali instaurado com a performance dos paulistas.

Durante o set do Dr. Sin acabamos perdendo a Alchemia no Waves Stage, com a sua mescla inusitada de Shock/Horror Rock, Gothic e Black Metal. Esta foi uma perda muito sentida, mas já estávamos no caminho do Hot Stage para acompanharmos metade do set da Black Stone Cherry, já que no mesmo horário, às 14h30, no Sun Stage o Tygers of Pan Tang daria o ar da graça com o seu som calcado na NWOBHM.

Apesar de uma presença de palco enérgica e oito álbuns, muito bem recebidos por imprensa e fãs ao redor do mundo, o Alternative Rock do Black Stone Cherry não me pegou. Os caras em cena cumprem muito bem o seu papel de entreter, mas o som definitivamente não é para mim. Acredito que o público alvo seja o adolescente, tendo em vista a molecada que estava bem próxima ao palco, acompanhando cada detalhe do que era despejado.

Aliado ao fato de não conhecer qualquer música que estava sendo apresentada, os estadunidenses tiveram vários contratempos também. Desde problemas no cabo e na correia do baixista Steve Jewell Jr., até a necessidade de trocar a caixa do baterista John Fred Young. Isso ajudou na minha desconexão, contudo, “Nervous” e “When the Pain Comes” extraídas do trabalho mais recente, “Screamin’ at the Sky” (2023), foram dois dos destaques. Após “When the Pain Comes”, fomos obrigados a abandonar os americanos e saímos correndo para pegar a segunda metade do set do Tygers of Pan Tang.

Quando chegamos ao Sun Stage, um excelente público estava lá para conferir os ingleses e o seu Heavy Metal Tradicional. O álbum da vez era o “Bloodlines” (2023) que foi muito bem representado pela ótima “Fire on the Horizon”, atreladas às composições mais atuais e clássicas como “Gangland” de “Spellbound” (1981) e “Love Don’t Say” de “Crazy Nights” (1981). Legal também é poder ver o guitarrista Robb Weir, líder e único remanescente da primeira formação atuando. Ao lado do coroa, o não menos importante vocalista Jacopo “Jack” Meille que, apesar de vacilante em alguns momentos, entregou uma atuação digna dos seus antecessores, se comunicando muito com os fãs.

Os trabalhos do Tygers of Pan Tang foram encerrados com a providencial homenagem à veterana The Clovers, com “Love Potion No. 9”, presente em “The Cage” (1982). Com a saída da turma de Weir, fomos informados que os brasileiros do Eletric Mob arrastaram um bom público para o Waves Stage, com o seu Hard Rock melodioso e cativante. Contudo, perdemos essa oportunidade, por estarmos ocupados com Black Stone Cherry e Tygers of Pan Tang. Uma pena, mas infelizmente precisamos priorizar alguns artistas em detrimento de outros, com horários de shows chocando o tempo todo.

Com o Exodus no Ice Stage, Massacration no Sun Stage e Zumbis do Espaço no Waves Stage rigorosamente nos mesmos horários, optamos por conferir os norte-americanos na íntegra, em detrimento das duas brasileiras, as quais já presenciamos em outras situações menos complexas que esta. Desta forma, nos posicionamos bem em frente ao palco, bem em frente ao guitarrista Gary Holt (Slayer), para sermos inundados com o melhor do Thrash Bay Area escalado para o festival.

Nós entendemos que a escalação do vocalista Steve “Zetro” Souza no lugar de Rob Dukes, causou muito desconforto entre os fãs. Também entendemos que Steve já não é mais o mesmo, tanto em performance quanto em cênica, mas não tem como falar mal do show do Exodus. Como estávamos bem na frente, alguns dos problemas de som, como ocorrido na guitarra de Gary Holt, não nos foram perceptíveis pois pegamos mais o que saia das caixas de retorno. Dito isto, poder acompanhar muito de perto músicas como “Bonded By Blood”, “Piranha”, “A Lesson in Violence” e “Fabulous Disaster” foi uma experiência única e, na nossa humilde opinião, uma das melhores do primeiro dia inteiro.

“Prescribing Horror” e “The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)” foram outros destaques, do recente “Persona non Grata” (2021) e que ajudaram a mesclar o repertório, com a enxurrada de clássicos que se seguiu. “Strike of the Beast” serviu como o encerramento com uma enorme roda de fãs se digladiando, jogando poeira suor e sangue para o ar. Realmente lindo de ver, como uma formação antiga consegue ainda ser relevante em pleno 2024. Fica aqui o nosso agradecimento ao gênio Gary Holt, por manter a chama do Exodus viva, mesmo com a sua entrada no Slayer anos atrás.

Com a saída do Exodus do Ice Stage, prontamente fomos nos posicionar no palco ao lado, Sun Stage, para esperarmos a eterna voz do Skid Row, Sebastian Bach, com a sua banda solo. Contudo, as nossas expectativas estavam lá no chão, tendo em vista que vimos há alguns anos atrás um péssimo show do cara no Rock in Rio 2013. Ele simplesmente não conseguia cantar, abusando dos drives e literalmente destruindo clássicos absolutos do Hard Rock, que o catapultaram para o estrelado ao lado de Axl Rose e o seu Guns N’ Roses.

Mesmo que muito temerosos, lá estávamos nós torcendo por Sebastian, para que ele pudesse entregar algo de qualidade para os seus fieis fãs brasileiros. E não é que entregou?! Bem diferente do que vimos em 2013, sua voz estava encorpada, firme, demonstrando muita saúde. Obviamente que ele não tem mais dezoito anos de idade, portanto não estava alcançando mais algumas notas altas! Entendendo isto, foi com este sentimento de alívio que presenciamos uma apresentação escorada nos seus melhores momentos no Skid Row. Então, já estava na cara que teríamos as sempre lembradas “18 and Life”, “Slave to the Grind”, “Wasted Time”, “I Remember You” e o grand finale com “Youth Gone Wild” com todos os presentes pulando junto com o cantor.

“What Do I Got to Lose?” (composta em parceria com o também vocalista Myles Kennedy; Alter Bridge, Slash) e “Everybody Bleeds” do seu vindouro “Child Within the Man” (2024) foram bem recebidas, apesar do tal ineditismo. Já “Tom Sawyer” do Rush trouxe aquele ar de incredulidade e que deixou todos de queixo caído, mesmo não tendo sido executada na íntegra. Felizmente Sebastian estava em uma tarde muito inspirada, levando os mais entusiasmados às lágrimas.

Naquela altura a intensidade dos palcos era tamanha, que acabamos por perder os equatorianos da Minipony, que apresentavam o seu Modern Metal no Waves Stage. A escolha da vez então foi nos posicionarmos em um local estratégico, que nos permitisse migrar dos palcos Ice Stage e Sun Stage com maior facilidade, já que pegaríamos metade de cada repertório do Mr. Big e The 69 Eyes, respectivamente. E assim foi feito…

Como sou um tanto quanto leigo quando falamos em Mr. Big, meu maior desejo ao vê-la em cena foi conferir a balada “To Be With You”, além dos indefectíveis Paul Gilbert (guitarrista) e Billy Sheehan (baixista) em ação. Por favor, não quero ser desrespeitoso, até porque eu entendo e respeito muito a história do Mr. Big, e não foi por acaso que a banda foi uma das headliners da primeira noite, com todas as honras. Mas este que vos escreve, de fato, conhece muito pouco da sua trajetória, excetuando-se as canções radiofônicas atemporais.

Foi dentro desta realidade que acompanhamos metade do show, que teve como atrativo principal a execução na íntegra do seu álbum de maior sucesso, “Lean Into it” (1991), antes de rumarmos para o Sun Stage a ponto de pegar algo do The 69 Eyes, que estava se apresentando naquele mesmo horário. Voltando ao Mr. Big, outro ponto alto foi poder conferir o quão bem está o vocalista Eric Martin. O cara, no alto dos seus sessenta e quatro anos, ainda consegue entreter uma audiência, com um timbre lindo e uma maneira de cantar, perfeitamente readequada para a sua atual idade. Neste ponto, “Alive and Kickin’” e “Green-Tinted Sixties Mind” acabaram por ser os destaques, com boa parte do público cantando em uníssono todas as canções.

Antes de migrarmos para o Sun Stage, fomos informados que esta turnê do Mr. Big será a sua última antes da aposentadoria. Uma pena, porque pelo que foi mostrado no Summer Breeze, esta formação teria pelo menos mais dez anos à frente, facilmente. Mas será a última mesmo?! Aguardemos bem atentos o desenrolar dos próximos capítulos…

Ofegantes após o translado para o Sun Stage, nos deparamos com o The 69 Eyes no palco sem o seu vocalista, e assim permanecemos por mais de dez minutos. Ao perguntarmos para um fã o que estava ocorrendo, o mesmo nos informou que o cantor Jyrki 69 fez diversas reclamações por não estar se ouvindo, e deixou seus companheiros em cena até que o problema técnico fosse resolvido. Com as suas queixas devidamente sanadas, e o público impaciente diante daquele hiato, o cara retorna e segue com a programação normal com “Never Say Die”, “Wasting the Dawn” e “Dance d’Amour”, todas muito bem recebidas.

A iluminação em tons lilás, para se conectar com a paleta de cores de “Death of Darkness” (2023), seu último álbum, foi um atrativo a mais. O clima gótico, bem diferente do espirituoso proposto pelo Mr. Big se configurou como um contraste interessante. Ou seja, migramos de um palco atrelado a uma tarde ensolarada dos anos oitenta, para um calabouço qualquer no castelo do conde Drácula. E é aí que está a beleza de um festival como este: a pluralidade de estilos e climáticas dentro do Rock/Metal.

Os finlandeses finalizaram com a clássica e dançante “Lost Boys”, enquanto que o Sioux 66, banda de Yohan Kisser, filho de Andreas Kisser (Sepultura), detonava com seu Modern Hard Rock no Waves Stage. A Sioux 66 foi mais uma das que precisamos ter aberto mão, novamente por entrar em conflito com a nossa agenda de prioridades, pré-estabelecida desde a disponibilização da grade de horários das atrações. Novamente lamentamos, e não nos cansaremos de lamentar.

Todos os caminhos levavam para o Hot Stage, já que o principal headliner estava pronto para se apresentar, com a sua banda solo. Trata-se do eterno baixista do KISS, Gene Simmons, que nos entregou muita simpatia, bom humor e um setlist baseado na sua longa história com o KISS. Mas o que poderia ser o principal trunfo do cara, acabou se tornando o principal aspecto de críticas por parte da grande maioria das pessoas.

Afinal de contas, estávamos ali presentes para assistir um show de Gene Simmons, com canções da carreira solo de Gene Simmons. E não um compilado de clássicos do KISS, executados por uma banda que não passa a mesma mística de estarmos diante dos próprios músicos do KISS. Perceba, nada contra Brent Woods (guitarra), Jason Walker (guitarra e vocal) e Brian Tichy (bateria e vocal), mas todos ali preferiam vê-los em ação entoando músicas de Mr. Simmons.

Críticas à parte, o show foi divertido, até porque seria muito difícil alguém conseguir destruir clássicas como “Deuce”, “Shout it Out Loud”, “Parasite” e “Love Gun”, não é mesmo? O set ainda contou com uma inusitada versão de “Ace of Spades” do Motörhead, mas que não conseguimos conferir porque já estávamos no Sun Stage, acompanhando a segunda metade do show do Biohazard.

Depois de quase 15 anos longe dos palcos brasileiros, os titãs do Hardcore norte-americano Biohazard chegaram chutando a porta, com uma apresentação que se baseou nos seus três primeiros álbuns, não por acaso os melhores da sua discografia. Partindo desta premissa, pudemos assistir a porradaria comendo solta em “Victory”, “Love Denied”, a versão de “We’re Only Gonna Die” do Bad Religion e o hino “Punishment”. Billy Graziadei (guitarra, vocais) e Evan Seinfeld (baixo, vocais) foram os destaques! Enquanto Billy se arriscava no português, Evan provocava os brasileiros a todo momento, instigando-os a serem sempre participativos.

Antes do encerramento do show, Billy nos informou que a banda irá entrar em estúdio para gravar um novo álbum, o primeiro do Biohazard desde 2012 e o primeiro da formação original desde 1994, ou seja, em trinta anos. E o desfecho da maratona ficou com “Hold My Own”, levando os fãs do Punk e Hardcore a loucura, acabando por destruir os últimos resquícios de vitalidade que ainda tínhamos naquela altura do campeonato.

Continua…

 
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