Resenha de CD originalmente publicada pelo site Ever Metal
Por Ever Metal Team
Nota: 08.5/10.0
Muitas vezes me pego pensando sobre o que nos leva a nos envolver com o Heavy Metal, principalmente aqueles de nós que fazemos parte de uma banda ou da imprensa (revistas e webzines). No Brasil, ambas as atividades demandam muito tempo que deveríamos estar usando para ganhar dinheiro para viver e se você está em uma banda, com certeza você está perdendo tempo e dinheiro juntos constantemente. Sem mencionar todos os muitos idiotas que às vezes temos que enfrentar ao longo do caminho. Claro, há muitas coisas boas que nos motivam a ser loucos o suficiente para continuar trabalhando nisso e a amizade e as pessoas leais que encontramos neste caminho são uma grande parte de todos os motivos que nos fazem seguir em frente.
Dentro deste ambiente complexo, não é incomum ver bandas gastando anos trabalhando para lançar um álbum novo ou de estreia. Para a MACUMBAZILLA, decorreram entre 6 ou 7 anos entre o primeiro EP e este álbum e apesar de não ter uma orientação comercial, é fantástico em termos de maturidade das composições oferecidas. Aliás, esse é um material que nem parece o primeiro álbum de uma banda.
Se você parar para ouvi-los, talvez você tenha uma primeira impressão de que eles são uma banda de Thrash Metal muito voltada para o Metallica. OK, você tem razão quanto à influência dos mestres do Thrash, principalmente pela voz de André Nisgoski, que tem um timbre vocal bastante parecido, mas musicalmente vai muito além. A banda mistura vários gêneros e todos eles receberam uma dose extra de peso para completar. Imagine um grupo livre para combinar influências de Stoner, Rock N’ Roll, Heavy Metal e Blues, mas combinados sob alguns arranjos bem pesados que mantêm a palavra Metal em primeiro lugar.
Deixe-me exemplificar. A música “Zombie” tem trabalho de guitarra do André que me lembra um pouco o Black Sabbath; a música “Feeling” traz um estilo antigo do Judas Priest em sua introdução. A faixa “Blondie Phantom” tem um arranjo interessante desde o início e facilmente pode fazer você pensar que está ouvindo uma banda de Black Metal apenas pelo som da guitarra. O que é mais intrigante para mim nesta faixa é como André se aprofunda no estilo vocal de Danzig – uma grande mudança de estilo após aquela introdução. Agora pense em todos os estilos acima e não se esqueça daquela camada extra de peso que mencionei, e talvez isso lhe dê uma ideia de como é a composição dessa banda.
Se você pensou que havia uma grande referência ao Blues baseada no título do álbum, então você está certo. A arte da capa não apenas se conecta à história do músico de Blues Robert Johnson e seu histórico pacto com o diabo em uma encruzilhada. Todo pacto demoníaco na história da cultura popular termina com cães infernais vindo para arrastar sua alma para o inferno, e adivinhe – temos uma faixa chamada “Hellhounds” bem aqui (completa com uma ótima parte de gaita de Blues, a propósito).
Não é o assunto principal do álbum, mas também tem uma música incrível aqui que só fala sobre sair com sua cerveja no Single “Leave my Beer Alone”. E se você está perguntando onde está a influência do Thrash Metal, como eu disse antes, basta ir até a música “Slow” e aí está.
O trabalho de baixo de Carlos “Piu” Schner ajuda nessa versatilidade, considerando que só há uma guitarra na banda, e dá para perceber o ótimo trabalho que ele faz em “Ladies from Mars”, usando alguns efeitos de pedal em seu baixo. Não esqueçamos o bom trabalho de bateria de Júlio Goss (em particular os interessantes drum fills em “Blondie Phantom”), que me deixaram positivo quanto à sinergia desta banda.
Sinergia e versatilidade são as palavras-chave que definem “… At a Crossroads”. Quando ouço a linda faixa de encerramento “Morningstar”, só tenho a dizer parabéns pela persistência e por todo trabalho necessário para atingir esse nível de entrega. Embora eu tenha certeza que MACUMBAZILLA não fez nenhum pacto com o diabo, porque já vivemos num inferno chamado Brasil, então vamos beber, festejar e bater a cabeça ouvindo MACUMBAZILLA, para esquecermos toda a dor! Saúde!
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